HDs SAS

Assim como o SCSI conviveu com o padrão IDE por mais de duas décadas, o SAS está destinado a concorrer com o SATA, com cada um entrincheirado em seu respectivo nicho de mercado, o SATA nos micros domésticos e servidores de baixo custo e o SAS em servidores de alto desempenho e workstations.

As versões iniciais do SAS suportavam taxas de transferência de 150 MB/s e 300 MB/s. Recentemente, foi introduzido o padrão de 600 MB/s e passou a ser desenvolvido o padrão seguinte de 1.2 GB/s. A evolução é similar a do padrão SATA (note que as velocidades são as mesmas), porém o SAS tende a ficar sempre um degrau à frente.

A maior velocidade é necessária, pois o SAS permite o uso de extensores (expanders), dispositivos que permitem ligar diversos discos SAS a uma única porta. Existem dois tipos de extensores SAS, chamados de Edge Expanders e Fanout Expanders. O primeiro permite ligar até 128 discos na mesma porta, enquanto o segundo permite conectar até 128 Edge Expanders (cada um com seus 128 discos), chegando a um limite teórico de até 16.384 discos por porta SAS.

Esse recurso foi desenvolvido pensando, sobretudo nos servidores de armazenamento. Com a popularização dos webmails (serviços de e-mail via Web) e outros serviços, o armazenamento de grandes quantidades de dados tornou-se um problema. Não se está aqui referenciando alguns poucos gigabytes, mas sim, vários terabytes de dados. Imagine o caso do Gmail: temos vários milhões de usuários, cada um com mais de 2 GB de espaço disponível.

Os extensores SAS, normalmente possuem a forma de um gabinete 1U ou 2U, destinados a ser instalados nos mesmos hacks usados pelos próprios servidores. Em muitos servidores os discos são instalados em gavetas removíveis e podem ser trocados "a quente" (hotswap), com o servidor ligado. Isso permite substituir rapidamente um HD defeituoso, sem que seja preciso desligar o servidor:

Figura 18 - Gabinetes para HDs SAS

Nesses casos, seria utilizado um sistema RAID, em que parte do espaço e armazenamento é destinado a armazenar informações de redundância, que permitem restaurar o conteúdo de um HD defeituoso, assim que ele é substituído, sem interrupção ou perda de dados. Ao contrário das controladoras RAID, encontradas nas placas-mãe para desktop, de baixo custo e que executam suas funções via software, as controladoras SAS, tipicamente executam todas as funções via hardware, facilitando a configuração (já que deixa de ser necessário instalar drivers adicionais) e oferecendo um maior desempenho e flexibilidade.

Outra pequena vantagem, é que o SAS permite o uso de cabos de até 6m, contra apenas 1m do SATA. Uma maior distância é necessária, quando se conecta um grande número de extensores, o que acarreta o afastamento físico de alguns extensores em relação ao servidor.

As controladoras SAS incluem, normalmente, 4 ou 8 portas e são instaladas num slot PCI-X ou PCI Express. Nada impede que você instale duas ou, até mesmo, três controladoras em um mesmo servidor, caso necessite de mais portas. Algumas placas-mãe, destinadas a servidores, já incluem controladoras SAS onboard, ocasionando uma redução de custo.

Figura 19 - Controladora SAS

Assim como a maioria das controladoras SAS, a Adaptec, mostrada na Figura 20, utiliza um único conector SFF 8484, ao invés de 4 conectores separados. Ele simplifica um pouco a instalação, mas na prática não muda muita coisa, pois o conector dá origem aos 4 cabos separados da mesma forma.

Figura 20 - Conector SFF 8484

 

Um detalhe interessante é que o padrão SAS oferece compatibilidade retroativa com os HDs SATA, permitindo que você use HDs SATA convencionais como uma forma de diminuir custos, sem ter que abrir mão da possibilidade de usar os extensores.

A relação, entretanto, não é recíproca: embora o conector seja o mesmo, HDs SAS não são reconhecidos, caso instalados em uma porta SATA convencional, pois eles utilizam comandos específicos, que vão bem além do conjunto suportado pelas controladoras SATA.

De qualquer forma, os HDs SAS são mais caros e não oferecem vantagens em termos de desempenho, de forma que você dificilmente iria querer utilizar um em seu desktop. O principal diferencial é que eles são certificados para operação contínua e possuem garantias maiores, geralmente, de 5 anos.

Figura 21 -Detalhe de um HD SAS

A maior parte dos HDs de alto desempenho, com rotação de 15.000 RPM, que antes só existiam em versão SCSI, estão sendo lançados também em versão SAS. Nos próximos anos é de se esperar que o SAS substitua gradualmente o SCSI, assim como o SATA já substituiu o IDE quase que completamente nos microcomputadores novos.
Não existe nada de fundamental diferença, que impeça que drives de alto desempenho sejam lançados também em versão SATA. O problema reside unicamente na questão da demanda.

Por serem caros e possuírem capacidade reduzida (devido ao uso de discos de 2.5"), os HDs de 15.000 RPM acabam por não ser adequados ao público doméstico. Você dificilmente pagaria R$ 1500 por um HD de 73 GB (como Seagate Cheetah 15K.4), por mais rápido que ele fosse, quando poderia comprar um HD SATA de 300 GB por menos de R$ 250. Essa brutal diferença de custo acaba por se justificar apenas no mercado de servidores de alto desempenho e workstations, onde, literalmente, "tempo é dinheiro".