HDs SCSI
As controladoras SCSI (pronuncia-se "iscâzi") são as tradicionais concorrentes das interfaces IDE. O primeiro padrão SCSI (SCSI 1) foi ratificado em 1986, na mesma época em que os primeiros HDs IDE chegaram ao mercado, consistindo em controladoras de 8 bits que operavam a 5 MHz, oferecendo um barramento de dados de até 5 MB/s.
Em 1990, foi lançado o padrão Wide SCSI (SCSI 2). A freqüência continuou a mesma, mas as controladoras passaram a utilizar um barramento de 16 bits, o que dobrou a taxa de transmissão para 10 MB/s.
Em seguida, surgiram os padrões Fast SCSI (8 bits) e Fast Wide SCSI (16 bits), que operavam a 10 MHz e ofereciam taxas de transferência de, respectivamente 10 MB/s e 20 MB/s.
Após, apareceram os padrões Ultra SCSI (8 bits, 20 MHz = 20 MB/s), Wide Ultra SCSI (16 bits, 20 MHz = 40 MB/s), Ultra2 SCSI (8 bits, 40 MHz = 40 MB/s) e Wide Ultra2 SCSI (16 bits, 40 MHz = 80 MB/s). Veja que, tratou-se de uma evolução bastante previsível, com um novo padrão, simplesmente dobrando a freqüência e, conseqüentemente, a taxa de transferência do anterior.
A partir daí, o uso de controladoras de 8 bits foi abandonado e surgiram os padrões Ultra160 SCSI, onde a controladora operava a 40 MHz, com duas transferências por ciclo, resultando num barramento de 160 MB/s e no Ultra 320 SCSI, que manteve as duas transferências por ciclo, mas aumentou a freqüência para 80 MHz, atingindo 320 MB/s.
![]() |
Figura 12 - Taxa de transferência do padrão SCSI |
Além da diferença na velocidade, as antigas controladoras de 8 bits permitiam a conexão de apenas 7 dispositivos, enquanto as atuais, de 16 bits, permitem a conexão de até 15.
Diferentemente do que temos numa interface IDE, na qual um dispositivo é "jumpeado" como master e outro como slave, no SCSI, os dispositivos recebem números de identificação (IDs), que são números de 0 a 7 (nas controladoras de 8 bits) e de 0 a 15 (nas controladoras de 16 bits). Um dos IDs disponíveis é destinado à própria controladora, deixando de 7 a 15 endereços disponíveis para os dispositivos.
O ID de cada dispositivo é configurado através de uma chave ou jumper, ou via software (nos mais atuais). A regra básica é que dois dispositivos não podem utilizar o mesmo endereço, caso contrário você tem um conflito similar ao que acontece ao se tentar instalar dois HDs "jumpeados" como master na mesma porta IDE .
A maioria dos cabos SCSI possuem apenas 3 ou 4 conectores, mas existem realmente cabos com até 16 conectores, usados quando é realmente necessário instalar um grande número de dispositivos.
![]() |
Figura 13 - Cabo SCSI |
No barramento SCSI temos, também o uso de terminadores, que efetivamente "fecham" o barramento, evitando que os sinais cheguem à ponta do cabo e retornem na forma de interferência. Na maioria dos casos o terminador é encaixado no dispositivo, mas em alguns casos basta mudar a posição de uma chave. Também existem casos de cabos que trazem um terminador pré-instalado na ponta.
![]() |
Figura 14 - Terminador para cabo SCSI |
Note que estou usando o termo "dispositivos" e não "HDs", pois (embora raro hoje em dia) o padrão SCSI permite a conexão de diversos tipos de dispositivos, incluindo CD-ROMs, impressoras, scanners e unidades de fita.
Os gravadores de CD SCSI foram populares nos anos 90, pois o barramento SCSI oferece transferências mais estáveis que as antigas portas ATA-2 e ATA-3, usadas até então. Naquela época, ainda não existia burn-free, de forma que qualquer interrupção no fluxo de dados causava a perda da mídia. Com o surgimento das interfaces IDE com suporte a UDMA, a briga se equilibrou e os gravadores de CD IDE invadiram o mercado. As impressoras e scanners SCSI também ganharam algumas batalhas, mas acabaram perdendo a guerra para os dispositivos USB.
As unidades de fita já foram o meio mais popular para fazer backup de grandes quantidades de dados, utilizando as famosas fitas DAT (Digital Audio Tape). Como a fita precisa ser gravada e lida seqüencialmente, o mais comum é gerar um arquivo compactado em determinadas extensões (tar/gz/tar/bz2, ou mesmo em rar), contendo todos os arquivos do backup e gravá-lo na fita, de forma seqüencial. Um arquivo muito grande pode ser dividido em vários volumes e gravado em fitas separadas. O grande problema é que é preciso ler e descompactar todo o arquivo para ter acesso aos dados.
O problema com as unidades de fita é que, embora as fitas sejam relativamente baratas, as unidades de gravação são vendidas a preços "salgados". Conforme os HDs foram crescendo em capacidade e caindo em custo, passaram a oferecer uma relação custo por megabyte mais baixa, fazendo com que os sistemas RAID e os servidores de backup se popularizassem, roubando o mercado das unidades de fita.
Um drive VXA-320 da Exabyte, por exemplo, custa US$ 1.250 e utiliza fitas de apenas 160 GB. É comum que os fabricantes dobrem a capacidade, dizendo que as fitas armazenam "320 GB comprimidos", mas a taxa de compressão varia de acordo com o tipo de dados. A velocidade de gravação também é relativamente baixa, (em torno de 12 MB/s - cerca de 43 GB reais por hora) e cada fita custa US$ 80, o que implica um custo de US$ 0.50 por GB. Como hoje em dia um HD de 300 GB custa, no Brasil, menos de R$ 250, a unidade de fita, simplesmente perde em todos os quesitos, incluindo confiabilidade e custo por megabyte. Ao invés de utilizar a unidade de fita, fica mais prático, rápido e barato fazer os backups usando HDs externos.
![]() |
Figura 15 - Unidade de fita DAT |
Chegamos então, na questão dos cabos: o SCSI permite tanto a conexão de dispositivos internos, quanto de dispositivos externos, com o uso de cabos e conectores diferentes para cada tipo; as controladoras de 8 bits utilizam cabos de 50 vias, enquanto as de 16 bits utilizam cabos de 68 vias. O dispositivo da figura 16 utiliza o conector de 68 pinos.
![]() |
Figura 16 - HD Ultra320 SCSI |
As controladoras SCSI são superiores às interfaces IDE em quase todos os quesitos, porém perdem em um dos mais importantes, o qual se refere ao custo. Como a história da informática repetidamente nos mostra, nem sempre o padrão mais rápido ou, mais avançado, prevalece. Quase sempre, um padrão mais simples e barato, que consegue suprir as necessidades básicas da maior parte dos usuários, acaba prevalecendo sobre um padrão mais complexo e caro.
De uma forma geral, o padrão IDE se tornou o padrão nos desktops, nos servidores e, também nas estações de trabalho de baixo custo, enquanto o SCSI se tornou o padrão dominante nos workstations (estações de trabalho) e servidores de alto desempenho. Em volume de vendas, o HD SCSI perdem para o IDE e SATA (proporção de mais de 30 para 1). Ainda assim, o HD SCSI continua representando uma fatia considerável do lucro líquido dos fabricantes, já que integram a linha "premium", composta por HDs mais caros e de mais alto desempenho.
É comum que novas tecnologias sejam inicialmente usadas em HDs SCSI sendo, somente utilizadas nos discos IDE, depois de tornarem-se mais baratas. Isso acontece, justamente devido ao mercado de discos SCSI, que prioriza o desempenho muito mais do que o preço.
Além do custo dos HDs, existe também a questão referente as controladoras. Algumas placas destinadas a servidores trazem controladoras SCSI integradas, mas na grande maioria dos casos é necessário adquirir uma controladora separada.
As controladoras Ultra160 e Ultra320 seriam subutilizadas caso instaladas em slots PCI regulares, já que o PCI é limitado a 133 MB/s, de forma que essas tradicionalmente utilizam slots PCI-X encontrados apenas em placas para servidores. Isso significa que mesmo que se quisesse, não se poderia instalar uma controladora Ultra320 em um desktop. Apenas recentemente passaram a ser fabricadas controladoras PCI-Express.
![]() |
Figura 17 - Placa controladora PCI-Express |
Vale lembrar, que a velocidade da interface não corresponde diretamente à velocidade dos dispositivos a ela conectados. Os 320 MB/s do Ultra320 SCSI, por exemplo, são aproveitados apenas ao instalar um grande número de HDs em RAID.
Existem muitas lendas com relação ao SCSI, que fazem com que muitos desavisados comprem interfaces e HDs obsoletos, achando que estão fazendo o melhor negócio do mundo. Um HD não é mais rápido, simplesmente por utilizar uma interface SCSI. É bem verdade que os HDs mais rápidos, de 15.000 RPM, são lançados apenas em versão SCSI, mas como os HDs tornam-se rapidamente obsoletos e tem uma vida útil limitada, faz muito mais sentido, comprar um HD SATA convencional, de 7.200 ou 10.000 RPM, a levar pra casa um HD SCSI, obsoleto, com 2 ou 3 anos de uso.
Com a introdução do Serial ATA, o barramento SCSI perdeu grande parte de seus atrativos, já que o SATA oferece uma grande parte das vantagens que antes eram atribuídas ao SCSI e, ao mesmo tempo, oferece um sistema de cabeamento mais simples.
Para preencher a lacuna, surgiu o SAS (Serial Attached SCSI), um barramento serial muito similar ao SATA em diversos aspectos, que adiciona diversas possibilidades interessantes voltadas para uso em servidores. O SAS preserva o mesmo conjunto de comandos e, torna-se por isso compatível em nível de software. Essa constatação, não se refere ao Windows e aos programas utilizados em desktops, mas sim a aplicativos mais personalizados, complexos e caros, comuns a grandes servidores.